Apresentação
Um marco na Oceanografia brasileira
Em 18 de agosto de 1966 o casco do navio foi lançado ao mar no estaleiro da cidade norueguesa de Throndhein e a seguir, rebocado para o estaleiro em Bergen, contratado para a construção do navio. A mudança da construção da quilha e do casco para outro estaleiro foi para evitar atrasos no cronograma da obra. O navio foi batizado no estaleiro A/S Mjellen & Karlsen no dia 05 de maio de 1967, e no dia 30 foi realizada a solenidade de troca da bandeira. Nessa solenidade o Brasil foi representado pelo presidente da comissão responsável pelo projeto, o Almirante Yapery Tupiassu de Brito Guerra, Coordenador do Curso de Engenharia Naval da USP.
Como antecedentes da construção do primeiro navio Oceanográfico da Universidade de São Paulo, imprescindível para trabalhos oceanográficos em alto mar, deve-se destacar que foi o Prof. Wladimir Besnard, primeiro Diretor do Instituto Oceanográfico da USP (na época Instituto Paulista de Oceanografia), que no fim do ano de 1958 intensificou as negociações e os estudos com vista à construção de um navio oceanográfico, indicando um grupo de trabalho presidido pelo professor islandês Ingvar Emílsson, na época chefe da seção de Oceanografia Física. Esse grupo foi composto por funcionários administrativos, técnicos e pesquisadores, dentre os quais a Dra. Martha Vanucci, que mais tarde seria a primeira mulher a dirigir o IO no período de 1964 a 1969.
O nome do navio é uma homenagem a esse homem, cuja persistência foi fundamental para a realização do projeto de aquisição da embarcação. O Prof. Besnard faleceu em agosto de 1960, sete anos antes da chegada do navio ao Porto de Santos.
As primeiras verbas destinadas à construção do navio foram de origem Federal e Estadual, utilizadas no projeto do navio elaborado pelo Escritório Técnico de Construção Naval da Escola Politécnica da USP, sob a supervisão do Almirante Yapery, e também em atividades de consultoria e contatos com estaleiros nacionais e do exterior. O processo avançou rapidamente e foram necessárias mais verbas para que o navio tornasse uma realidade e isso foi possível graças ao Plano de Ação do Governo do Estado de São Paulo, à concessão de mais verbas Federais e o apoio da CAPES, CNPq, e da FAO, permitindo a contratação do engenheiro Hans Zimmer e do Prof. Thor Kvinge, ambos noruegueses, para acompanharem a obra e instalação de equipamentos no navio.
Dois anos após a morte do Prof. Prof. Wladimir Besnard foi aberta a consulta pública para a aquisição do navio, tendo sido escolhido o estaleiro norueguês A/S Mjellen & Karlsen de Bergen, Noruega. O contrato de construção foi somente assinado dois anos depois por representantes do Governo do Estado de São Paulo e do estaleiro. Na época o Dr. Adhemar de Barros era o Governador do Estado, o reitor da Universidade de São Paulo era o Prof. Dr. Luiz Antonio da Gama e Silva, sendo a Dra. Martha Vanucci Diretora do Instituto Oceanográfico.
O navio chegou ao Brasil em 09 de agosto de 1967 após cumprir a primeira etapa internacional da Expedição Vikindio na costa no Atlântico equatorial entre as Ilhas Las Palmas e Cabo Verde. A equipe de pesquisa era composta por pesquisadores brasileiros, noruegueses e um representante da FAO. A segunda etapa foi realizada ao largo da costa leste do Brasil, entre Recife e Vitória. Na terceira etapa foram realizadas secções na latitude do Banco dos Abrolhos (18oS) deste a plataforma continental até a Ilha Trindade e outra ao largo do Cabo de São Tomé, tendo a bordo pesquisadores noruegueses e brasileiros (Thor Kvinge, Odd Henrik Saelen, Luiz Bruner de Miranda, dentre outros).
Após mais de 40 anos em operação, o Navio Oceanográfico Prof. W. Besnard se tornou um ícone na história da Oceanografia brasileira, permitindo o desenvolvimento de importantes projetos de pesquisa em águas territoriais brasileiras e em águas internacionais (PROJETOS).
Além de laboratório avançado, o navio da USP também se colocou como importante instrumento para o ensino em Oceanografia, permitindo o treinamento prático a bordo para alunos de graduação e pós-graduação do IOUSP.
Texto: Prof. Dr. Luiz Bruner de Miranda
Fonte: Diário de Bordo/Edição Especial-2006/07 - 40 anos de navio ao mar: Prof. W. Besnard