Oceanografia
A Oceanografia é a ciência que estuda o oceano e as zonas costeiras, tanto sob os aspectos bióticos e abióticos, como também quanto aos processos naturais e sociais que atuam nestes ambientes considerando, portanto, atividades socioeconômicas e culturais e os processos de governança e gestão. A Oceanografia é uma ciência interdisciplinar vinculada à área de Ciências Exatas e da Terra, com forte integração entre os conhecimentos biológicos, físicos, geológicos e químicos do meio marinho, mas que tem aberto cada vez mais espaço de diálogo com as Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
Dentre as áreas de atuação da ciência oceanográfica podem ser citadas: a modelagem e as previsões climáticas; a investigação de novos recursos renováveis e não renováveis; o diagnóstico, o controle e a mitigação da poluição; a conservação, recuperação e manejo de ambientes naturais e seus recursos; a adequação de obras e atividades humanas ao ambiente marinho; o desenvolvimento de tecnologias e estratégias para a melhoria das atividades de cultivo, extração e beneficiamento do pescado.
A Oceanografia, como ciência moderna, teve seu nascimento associado à viagem do veleiro “H.M.S. Challenger”, iniciada em 23 de dezembro de 1872, que partiu da Inglaterra e percorreu os oceanos Atlântico, Índico e Pacífico, em uma viagem de três anos e mais de 110 mil quilômetros. Vários estudos oceanográficos foram realizados neste cruzeiro, de modo que a missão realizada pelo H.M.S Challenger marcou o início da Oceanografia com sua característica multi- e interdisciplinar, com estudos físicos, químicos, geológicos e biológicos integrados do meio marinho. Os resultados da expedição estão contidos em um informe oficial de 50 volumes, que servem de referência à ciência oceanográfica até hoje.
H.M.S. Challenger - Ilustração: William Frederick Mitchell
No Brasil as pesquisas na área oceanográfica iniciaram-se com a criação do Instituto Paulista de Oceanografia (1946) que foi posteriormente incorporado à Universidade de São Paulo, passando a denominar-se Instituto Oceanográfico. Desde então, diversas conquistas foram realizadas no sentido de estruturar a pesquisa oceanográfica no país (História do IOUSP).
A instalação formal do bacharelado em Oceanografia na Universidade de São Paulo ocorreu quando a primeira turma do Bacharelado em Oceanografia foi admitida no vestibular FUVEST 2002.
Em 31 de julho de 2008 foi sancionada a Lei Federal N° 11.760/2008 que regulamenta o exercício da profissão de Oceanógrafo no Brasil, que tem trazido uma nova realidade para esses profissionais, fazendo com que as barreiras impostas para o acesso a cargos públicos fossem abolidas, abrindo a perspectiva de que a participação dos oceanógrafos no processo de exploração e preservação dos recursos costeiros e marinhos seja mais intensa. O desdobramento desta nova realidade poderá mostrar que o Brasil precisa de mais profissionais oceanógrafos.
A Associação Brasileira de Oceanografia (AOCEANO), fundada em 1975, é uma instituição sem fins lucrativos que tem o propósito de, entre as suas diversas finalidades, congregar seus associados em ações voltadas ao exercício ético e pleno da profissão de oceanógrafo e do ensino da Oceanografia. Desenvolve também iniciativas que promovem o compartilhamento de informações de interesse dos profissionais e estudantes de Oceanografia, além de representá-los enquanto entidade classista nacional.
Programa Capital Natural - Oceanos
Os oceanos são os principais responsáveis pelo equilíbrio ambiental global e, paradoxalmente, estão entre os recursos naturais mais esquecidos quando o assunto é preservação ambiental e governança. Vamos discutir os diversos aspectos que tocam esse assunto: o controle sobre os mares, os serviços ambientais que eles nos oferecem, os impactos que mais o prejudicam com os nossos convidados : o Oceanógrafo Frederico Brandini, professor titular do Instituto Oceanográfico da USP e o navegador João Lara Mesquita, jornalista e idealizador do projeto Mar Sem Fim. Pela grandiosidade e importância deste tema, o programa Capital Natural dividiu esta discussão em duas partes.
Parte 1
Parte 2