Sabemos que o som faz parte do cotidiano e é muito importante tanto para o homem quanto para muitos animais. É por meio do som que os indivíduos de diversas espécies se comunicam: reconhecem parceiros, filhotes e outros membros da comunidade; defendem território; expressam intenções, etc.. No entanto, entender o ambiente a partir dos sons que o compõem é, na maioria das vezes, um exercício secundário para espécies mais visuais como nós humanos. Apesar disso, o estudo do conjunto de sons que determinam uma paisagem tem despertado nossa curiosidade. Entre os anos 60 e 70, um músico ambientalista chamado Murray Schafer iniciou um movimento para aumentar a percepção do ambiente sonoro no qual estamos inseridos, inclusive reconhecendo nossa participação ativa na sua composição. Segundo Schafer, “o mundo é uma composição musical que se desenrola a nossa volta; somos, simultaneamente, audiência, atores e compositores” (Schafer, 1977).
O entendimento dessa assinatura sonora é possível a partir do reconhecimento de todos os sons que caracterizam o espaço. Esses sons são categorizados de acordo com essas fontes de emissão. A todos os sons emitidos por organismos vivos não humanos, chamamos de biofonia. O canto dos pássaros, o estridular das cigarras e assobios dos golfinhos são exemplos de biofonia. A geofonia refere-se aos sons naturais não biológicos, como os provenientes de ondas, ventos, chuvas e raios. A antropofonia é a classe dos sons causados pelo homem, as emissões sonoras no ambiente feitas por máquinas ou dispositivos artificiais, como ruído de motores, sonares de navios e até um programa de rádio.