Embarcações oceanográficas

Eng. Luiz Vianna Nonnato

Grande número de oceanógrafos considera que os equipamentos por excelência para a coleta de informações sobre o ambiente marinho são as embarcações oceanográficas.

A não utilização de uma embarcação limita a área estudo de um oceanógrafo apenas às praias e à região imediatamente contígua à costa. Pesquisadores ficariam, assim, restritos a uma fração ínfima do ambiente marinho. Por outro lado, através do emprego de embarcações apropriadas, pesquisadores conseguem deslocar-se por todas a superfície oceânica e realizar medições ou coletar amostras em regiões afastadas da costa e de maior profundidade.

O porte da embarcação não é um fator preponderante para sua adequação à atividade de pesquisa oceanográfico. Uma pequena lancha pode ser muito adequada para levantamentos em regiões costeiras, enquanto navios de grande porte são utilizadas em levantamentos transoceânicos. De de um modo geral, entretanto, embarcações oceanográficas oferecem algumas características especiais que as tornam mais apropriadas para esta aplicação. Nem todas as embarcações apresentam a totalidade destas características, mas a maioria apresenta ao menos algumas delas. A seguir, lista-se algumas das características desejáveis:

Possibilidade de utilização da superestrutura, mastros e casco da embarcação como estruturas para a montagem de sensores de instrumentos de medida – diversos instrumentos científicos requerem que seus sensores sejam instalados por longo período em pontos específicos do navio; assim, eco-sondas e sonares usualmente tem seus elementos transdutores instalados sobre o casco da embarcação, abaixo da linha d’agua; sensores de equipamentos meteorológicos, similarmente, são usualmente instalados no topo dos mastros da embarcação.

Disponibilidade de equipamentos para movimentação de carga – equipamentos de coleta de amostras ou de medição oceanográficos são por vezes volumosos e pesados; assim, sua colocação e retirada da água pode ser uma operação complicada e, em alguns casos, até mesmo perigosa. A disponibilidade, na embarcação, de equipamentos de movimentação de carga, como guindastes e guinchos, simplifica enormemente as operações a bordo. Guindastes ou assemelhados são utilizados para deslocamento de equipamentos no convés da embarcação e sua colocação e posterior retirada da água; guinchos (máquina utilizada para liberar ou recolher grandes extensões de cabos de aço ou fibras sintéticas) são imprescindíveis para lançamento e arrasto de redes e outros coletores de amostras, bem como para descer alguns equipamentos a grandes profundidades.

Disponibilidade de laboratórios – em trabalhos de campo, frequentemente os pesquisadores necessitam realizar a bordo o processamento das amostras coletadas ou a operação de equipamentos de medição delicados; para tal, é essencial que a embarcação disponha ao menos de um local abrigado do sol e chuva, com uma mesa para realização do trabalho, com disponibilidade de energia elétrica, ou seja, de uma área que possa ser utilizada como um pequeno “laboratório”. Naturalmente, a sofisticação deste “laboratório” pode variar enormemente: uma pequena embarcação oceanográfica talvez ofereça apenas uma pequena área do convés protegida por um toldo, enquanto embarcações oceanográficas de maior porte podem dispor de um ou mais laboratórios propriamente ditos, bem equipados, com infraestrutura especializada para análises de grande complexidade e redes computacionais de grande capacidade, entre outras características.

Alojamento para pesquisadores – durante a realização de um levantamento oceanográfico, é frequentemente necessário que o pesquisador permaneça no mar por vários dias (um levantamento transoceânico pode estender-se por várias semanas). Assim, embarcações oceanográficas adequadas a estes trabalhos devem dispor de infraestrutura que ofereça ao pesquisador um mínimo de conforto durante o período de permanência no mar; algum tipo de alojamento, para que o pesquisador possa dormir abrigado de sol e chuva e um local para preparo de refeições são imprescindíveis.

A figura abaixo sintetiza estas características:

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Embarcações oceanográficas brasileiras de médio e grande porte


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Foto: Revista Marítima Brasileira

Navio Oceanográfico Almirante Saldanha

(Marinha Brasileira)

Primeiro navio oceanográfico brasileiro, construído na Inglaterra em 1934, o Almirante Saldanha, um veleiro de 4 mastros, foi originalmente um Navio-escola da Marinha Brasileira.

Em meados da década de 1950 passou a atuar como navio oceanográfico e em 1963 sofreu uma grande remodelação, sendo retirados seus mastros e instalado motor.

O Almirante Saldanha desenvolveu estudos oceanográficos em toda a costa brasileira, tendo participado de grandes projetos como o Ano Geofísico Internacional (1957/58) e o projeto FGGE (First GATE Global Experiment).

O navio foi desativado em 1990.


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Foto: Luiz Vianna Nonnato

Navio Oceanográfico Prof. W. Besnard

(Universidade de São Paulo)

Primeiro navio civil oceanográfico brasileiro, o Prof. Besnard foi construído na Noruega, em 1967. Concebido como um navco oceanográfico, seu projeto foi elaborado pela Escola Politécnica da USP.

Nos seus 41 anos de atividade, desenvolveu extensas pesquisas em toda a costa brasileira e, durante o período 1982 e 1988, realizou 6 viagens à região antártica (Projeto PROANTAR).
Foi desativado em 2008.

Uma descrição detalhada do navio e das atividades por ele desenvolvidas é apresentada em N/Oc. Prof. Besnard.

Deslocamento: 674 t
Comprimento: 49 m


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Foto: Chico Vicentini

Navio Oceanográfico Antares

(Marinha do Brasil)

O Antares, construído em 1983 na Noruega, foi adquirido pela Marinha do Brasil em 1988. Está equipado com instrumental de pesquisa oceanográfica moderno (eco-sonda/sonar científico, CTD/Rosette, XBT, ADCP, guincho para grande profundidade e equipamentos meteorológicos), sendo particularmente adequado para levantamentos em oceanografia física, química e geológica. Atuou em programas científicos de grande porte, como REVIZEE e PIRATA.

Deslocamento: 1248 t
Comprimento: 55 m


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Foto: Carlos Eduardo Stein

Navio Hidroceanográfico Cruzeiro do Sul

(Marinha do Brasil)

O Cruzeiro do Sul, construído em 1986 na Noruega, foi incorporado pela Marinha do Brasil em 2007.

Assim como o Antares, est equipado com instrumental de pesquisa oceanográfica moderno (eco-sonda/sonar científico, CTD/Rosette, XBT, ADCP, guincho para grande profundidade e equipamentos metorológicos)

Deslocamento: 2.215 t
Comprimento: 65,7 m 


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Foto: Rosalinda Montone

Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel
(Marinha do Brasil)

Construído na Noruega em 1981, foi adquirido pela Marinha brasileira em 1994.
Tendo sido projetado para operar em regiões polares, o Ary Rongel possui capacidade para navegar em campos de gelo fragmentado.

Tem como seu mais importante objetivo oferecer suporte às atividades brasileiras na Antártida, apoiando as atividades científicas nesta região e dando suporte logístico à Estação Antártica Comandante Ferraz e acampamentos na região antártica.

O Ary Rongel dispõe de dois helicópteros Esquilo para apoiar suas atividades.

Deslocamento: 1982 t
Comprimento: 75 m


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Foto: Rosalinda Montone

Navio Polar Almirante Maximiano
(Marinha do Brasil)

Construído na Noruega em 1974, foi adquirido pela Marinha brasileira em 2009.

Projetado para operar em regiões polares, similarmente ao Ary Rongel este navio oferece suporte às atividades brasileiras na Antártida. É bem equipado em relação a equipamentos científicos, dispondo de guincho para amostragem geológica, guincho oceanográfico para águas profundas, sonar multifeixe, ADCP e CTD/Rosette.

Deslocamento: 3865 t
Comprimento: 93 m


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Foto: Luiz Vianna Nonnato

Navio Oceanográfico Alpha-Crucis
(Universidade de São Paulo)

O Alpha-Crucis, construído em 1973 nos Estados Unidos, fez parte da frota de embarcações de pesquisa da Universidade do Hawaii por 30 anos, sendo nesta época denominado Moana Wave. Em 2012 foi adquirido pela Universidade de São Paulo e, após extensa modernização, incluindo a instalação de equipamentos científicos de última geração, iniciou seus trabalhos na costa brasileira.

Uma descrição detalhada do navio e das atividades por ele desenvolvidas é apresentada em N/Oc. Alpha-Crucis.

Deslocamento: 1890 t
Comprimento: 64 m


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Foto: Fundação Universidade do Rio Grande

Navio Oceanográfico Atlântico Sul
(Fundação Universidade do Rio Grande)

Construído no Brasil em 1973, o Atlântico Sul foi incorporado à Fundação Universidade do Rio Grande em 1978.

Em seus quase 40 anos de atividade, vem sendo uma importanteplataforma treinamento em atividades no mar para pesquisadores e alunos de ciências do mar de todo o país.

Bem equipado em termos de equipamentos científicos, tomou parte em importantes programas oceanográficos, como Ecosar e Revizee.

Deslocamento: 257 t
Comprimento: 36 m


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Foto: Luiz Vianna Nonnato

Barco de Pesquisa Alpha Delphini
(Universidade de São Paulo)

Construído no Brasil em 2012, o Alpha Delphini foi especialmente projetado para levantamentos oceanográficos na região da plataforma continental brasileira.

Seus modernos equipamentos científicos incluem ADCP, CTD/Rosette, eco-sonda científico e sonar multi-feixe.

Dentre seus objetivos, destaca-se o treinamento de pesquisadores e alunos em atividades no mar.

Uma descrição detalhada do navio e das atividades por ele desenvolvidas é apresentada em B/Pq. Alpha Delphini.

Deslocamento: 175 t
Comprimento: 26 m

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