Poluentes Orgânicos Persistentes

Profa. Dra. Rosalinda Carmela Montone

Poluentes orgânicos persistentes (POPs) são compostos sintéticos resistentes à degradação e altamente estáveis e, portanto muito persistentes no ambiente. São tóxicos e apresentam grande capacidade para a “bioacumulação” em organismos vivos. Também pode ocorrer a “biomagnificação” desses poluentes, ou seja, apresentam acúmulo progressivo ao longo da teia alimentar.

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Estruturas moleculares de três classes de poluentes orgânicos persistentes (POPs)

Outra característica muito importante é que podem ser transportados para regiões onde nunca foram aplicados. A capacidade de transporte a longas distâncias, ou seja, a extraordinária mobilidade que caracteriza os POPs é decorrente de sua semivolatilidade. Esses compostos podem evaporar e condensar sucessivamente, dependendo das condições climáticas, ao longo das latitudes terrestres, em direção aos polos, num processo chamado “destilação global”. Esse mecanismo explica a presença de POPs nas regiões remotas onde nunca foram utilizados, como as ilhas oceânicas e a Antártica.

A dispersão ambiental dos POPs é sem dúvida a sua propriedade mais impactante, transformando-os num problema de dimensões globais. Atualmente há 22 substâncias banidas ou restritas pela Convenção de Estocolmo, que pertencem a três categorias:


1) Pesticidas: (13)

Foram intencionalmente espalhados no meio ambiente como meio de controlar pragas e aumentar a produção de alimentos (DDT, Aldrin, Clordano, Dieldrin, Endrin, Heptacloro, Mirex, Toxafeno, Clordecona, alfa-Hexaclorociclohexano, beta-Hexaclorociclohexano, Lindano (gama- Hexaclorociclohexano) e Endosulfan).


2) Produtos industriais: (7)

São compostos sintéticos utilizados principalmente como óleo isolante em equipamentos elétricos como os bifenilos policlorados (PCBs) principalmente em transformadores e capacitores, como retardantes de chamas (Hexabromobifenil (HBB) e duas classes de éteres de difenil polibromados (PBDEs): éteres tetrabromobifenil (tetraDBE) e pentabromobifenil (pentaBDE) e éteres hexabromobifenil (hexaBDE) e octabromobifenil (octaBDE).

Também são incluídos os compostos perfluorados, como o ácido sulfônico perfluorooctano (PFOs) e seu sal fluoreto de perfluorooctanosulfonil (POSF), utilizados em partes elétricas e eletrônicos, espuma de combate a incêndios, fotos e imagens, fluidos hidráulicos e têxteis.

O Hexaclorobenzeno (HCB) é gerado em processos industriais e também utilizado como solvente e como pesticida. O pentaclorobenzeno (PeCB) é utilizado como aditivo em produtos contendo PCBs, em corantes, como fungicida e retardador de chama. O PeCB é um intermediário químico na produção do pesticida quintozeno e também pode ser produzido involuntariamente durante a combustão em processos térmicos e industriais.


3) Subprodutos não intencionais: (2)

As para-dibenzodioxinas policloradas (dioxinas) e os dibenzofuranos policlorados (furanos) ocorrem na forma de misturas complexas nos processos de incineração, siderurgia, e combustão da madeira. Como são subprodutos de processos, a estratégia para minimizar a sua emissão é a realização de inventários para identificar suas fontes de emissão e intervenção nos processos geradores.


Como os POPs chegam ao mar?

Os POPs podem atingir os oceanos via drenagem urbana e/ou transporte atmosférico. Uma vez no oceano, os POPs são distribuídos e transferidos através da coluna d’água, biota e sedimento (Fig. 2). Existe uma evaporação significativa da superfície do oceano para a atmosfera. Também podem sofrer processos de dispersão, degradação e concentração similar aos demais poluentes como o petróleo e os metais pesados.

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Ciclo dos poluentes orgânicos persistentes (POPs) no ambiente marinho. Adaptado de: http://www.bofep.org/pops.htm

Os processos de dispersão são influenciados pela circulação oceânica. A turbulência é responsável pela mistura e diluição dos organoclorados, enquanto as correntes são responsáveis pelo transporte efetivo. Muitos POPs podem sofrer transformações através de reações fotoquímicas, degradações por ação de microrganismos ou uma combinação destes fenômenos.

Uma pequena parte dos POPs na água do mar é dissolvida pelos processos de mistura (turbulência) e a maior parte é incorporada às micelas coloidais. Os POPs associados a estas substâncias que formam 90% da matéria orgânica dissolvida na água do mar são transferidos para o fitoplâncton estabelecendo um equilíbrio dinâmico entre material particulado e fitoplâncton. O material particulado não assimilado pelo fitoplâncton, e que constitui a maior fração, é incorporado ao sedimento. Consequentemente, os sedimentos de fundo, tornam-se importantes reservatórios e fontes de POPs no oceano.

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