Próximo ‘alimento’ da vez: estudo iniciado no Instituto Oceanográfico da USP com instituições parceiras busca promover maior consumo do pescado

Fonte: AUN

 

BENEFÍCIOS DO CONSUMO REGULAR DE PEIXES E FRUTOS DO MAR VÃO MUITO ALÉM DA SAÚDE FÍSICA E MENTAL

 

Prato de pescado [Imagem: Freepik]

 

Um estudo do Instituto Oceanográfico (IO) da USP, em parceria com o Instituto de Pesca da Agência Paulista de Agronegócios (APTA), com a Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e empresas privadas nacionais e internacionais, busca promover o pescado como um dos principais itens na mesa da população paulista como contribuição à saúde pública. 

O projeto de pesquisa, denominado “Pescado para Saúde”, tem como diretor o professor do IO, Daniel Lemos, e tem como contrapartida o fomento da produção do pescado como um benefício à saúde da população, frente à epidemia de Doenças Crônicas Não Transmissíveis tais como obesidade, hipertensão e diabetes, e ao crescimento econômico de São Paulo e consequentemente do país. 

Para o pesquisador, o projeto, iniciado em outubro deste ano e com financiamento pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) por 5 anos, pode ser pioneiro na solução de problemas observados na oferta e acessibilidade do pescado ao consumidor e no que concerne ao retorno econômico e ambiental da pesca e aquicultura no Brasil. 

“Atualmente, estamos vivenciando uma onda de má alimentação, reforçada pelos aplicativos de pedido de comida e alimentos ultraprocessados, responsáveis por doenças do coração e neurológicas”, relembra o pesquisador. “O pescado surge como uma das soluções para esse quadro de saúde pública no nosso país, uma vez que ele apresenta maior teor de proteínas do que a maioria das carnes de origem terrestre, menor quantidade calórica, sendo em geral mais magro que as carnes vermelhas e processados, além do maior conteúdo de ácidos graxos essenciais (ômega-3) que qualquer outro alimento”. 

 

Tecnologia e democratização do acesso aos pescados

 

Para o professor do IO, outros pontos que serão levados em conta na pesquisa são a ‘tecnologia do pescado’ e o barateamento do produto final ao consumidor. “O primeiro, atrelado às soluções que visam garantir a segurança e praticidade do consumo de animais aquáticos, sejam eles de pesca ou aquicultura. E o segundo, entendido como forma de democratizar o acesso ao alimento”, diz. 

O projeto também terá como um dos seus objetivos o estudo das espécies, necessário para o correto manejo dos animais aquáticos em ambientes controlados. “O exemplo do controle desses animais pode ser entendido a partir da qualidade da água e da correta alimentação do pescado. Chegando nas peixarias e demais comércios, garante-se uma variedade de opções com qualidade”.

Quando cita a qualidade do pescado, Lemos se refere à proposta da pesquisa em melhorar os nutrientes de peixes e crustáceos provenientes do cultivo. “No projeto, buscaremos garantir que os pescados de cultivo venham a ter níveis adequados de vitaminas, minerais, ácidos graxos, como ômega-3, o que contribui para maior nutrição humana”. 

 

Popularização do pescado

 

Consumo do pescado pode fortalecer a economia do país e gerar menos impactos ambientais [Imagem: Freepik]
 

Ele explica à Agência Universitária de Notícias (AUN) que a produção e o consumo de animais de origem aquática ainda são pouco explorados no Brasil, porque a carne bovina, suína e de frango são mais baratas e práticas de consumo às pessoas e de fácil produção, quando comparadas ao pescado. 

Mas quando questionado sobre o potencial do pescado em ocupar mais espaço no prato dos brasileiros, o pesquisador diz que para isso ocorrer é necessário conscientizar a população sobre o papel do pescado na alimentação humana. “Hoje, o Brasil é o 16° maior produtor de pescado do mundo, além do 3° maior do ocidente. Apesar disso, esse alimento ainda é relativamente pouco consumido entre os brasileiros, por conta do custo e pouca disseminação de informações sobre o seu valor nutricional”.

No entanto, o professor acredita que o pescado ainda pode se tornar o “próximo alimento da vez”, mas com um nível nutricional melhorado. Ele aponta como uma das alternativas o investimento na publicização do pescado em plataformas e veículos de comunicação, o que, por sua vez, pode melhorar o nível de consumo desse alimento, até entre os não adeptos.

“Temos como exemplo os restaurantes de comida japonesa, os quiosques de praia, e ainda, a semana santa, observamos que esses espaços e datas têm o pescado como um dos principais itens culinários”, observa. O desafio do projeto, finaliza o professor, reside justamente no trabalho em qualificar os organismos aquáticos, estudar o mercado e conhecer toda a cadeia produtiva do pescado, visando expandir seu consumo para além das datas especiais.

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