Cultura oceânica é o meio para conscientizar e informar a sociedade sobre oceanos

Fonte: Jornal da USP l  Ouça o áudio 

Década do Oceano 2021-2030 tem como objetivo espalhar conhecimento sobre os mares e é o caminho para que as pessoas se importem com eles, diz Luciana Yokoyama Xavier

O grande objetivo da Década é repensar a ciência do oceano e como essa ciência dialoga com a sociedade de forma geral – Foto: Dim Hou – Pixabay

Uma iniciativa do Jornal da USP e da Rádio USP, em conjunto com a Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano, o Instituto Oceanográfico (IO) e o Instituto de Estudos Avançados (IEA), promovem o Especial Oceano, uma série de debates mensais sobre o meio ambiente, especificamente o oceano. Estamos na Década do Oceano 2021-2030, então pensar sobre como manter a integridade, a diversidade e a riqueza dos mares é fundamental para garantir a continuidade de diversas espécies.

“A gente se importa e se relaciona com aquilo que a gente conhece, com aquilo que de certa forma está próximo da gente seja fisicamente ou também, no caso do oceano, que está longe de muitas pessoas”, diz Luciana Yokoyama Xavier, do Grupo de Acompanhamento e Estudos em Governança Ambiental do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (Procam) do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP e da Cátedra Unesco para Sustentabilidade do Oceano.

A área marinha do Brasil é uma das maiores do mundo e, por isso, os efeitos climáticos e a crise ambiental atingem o país de forma significativa. Conhecer o oceano é se aproximar dele, que é sinônimo de se importar e pensar em formas de contornar a situação em que se encontra o mundo.  Essa é a premissa da Década do Oceano: um movimento global pautado na ideia de que é preciso conhecer para se importar.

“O grande objetivo da Década é repensar a ciência do oceano e como essa ciência dialoga com a sociedade de forma geral”, ressalta a pesquisadora. Ela ainda diz que uma das dificuldades é conseguir difundir os dados coletados pelos cientistas e espalhar o conhecimento científico produzido, de forma que seja entendível, à população. Existe, atualmente, um descompasso entre o quanto de conhecimento científico é produzido e o quanto chega à sociedade.

Esse conhecimento científico deve ser capaz de atingir as pessoas que estão no poder e que tomam as decisões importantes, mas também os cidadãos comuns. As ações devem ser pautadas em conhecimentos, porque isso impacta as decisões do dia a dia: quanto de lixo é produzido, como depositá-lo, o consumo de água e o desperdício são alguns exemplos. Muito do lixo encontrado no mar vem de cidades situadas a grande distância dele.

 O impacto dessas simples decisões cotidianas, portanto, afeta diretamente a saúde dos oceanos. Até hoje, por exemplo, sente-se os efeitos do despejo de petróleo no mar que atingiu a costa nordeste há algum tempo.

Como engajar as pessoas e a sociedade?

Com apenas 5% do mar conhecido, ele ainda é um mistério para muitos, o que cria uma certa distância entre a população e essa grande massa de água. A ciência do mar é avançada, mas ainda é “um espaço que está dominado por pessoas da academia. É bom que as pessoas da academia estejam se engajando com esses movimentos, mas isso também acaba sendo menos diverso”, ressalta Luciana.

É um desafio engajar as pessoas nesse movimento. Mas algumas das ações que podem ser tomadas para contornar esse problema e levar o conhecimento à sociedade são por meio de trabalhos não acadêmicos, como a revista Diálogos Ambientais; divulgação da cultura oceânica por meio de meios digitais de comunicação, como podcasts, Youtube, Instagram, entre outros; por meio dos jornais, fortalecendo a relação entre a academia e os jornalistas; e, por fim, pelas escolas: “Repensar até o nosso material de educação para trazer mais elementos que remetam ao oceano e a essa conexão”.

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