Monitoramento de ilhas oceânicas garante preservação e solução de possíveis problemas ambientais
- Detalhes
- Publicado: Segunda, 03 Outubro 2022
Fonte: AUN
COLETA DE DADOS DESSAS REGIÕES É IMPORTANTE PARA ENTENDER AS MUDANÇAS DECORRENTES E VARIAÇÕES NATURAIS E DE IMPACTOS ANTRÓPICOS
Foto aérea da Ilha de Trindade. Imagem: Simone Marinho via Wikimedia Commons.
O Programa Ecológico de Longa Duração nas ilhas oceânicas (PELD Iloc) é um projeto científico de diversas universidades brasileiras, que atua no âmbito da pesquisa, monitoramento e preservação de regiões com rica biodiversidade marinha, no caso, as ilhas oceânicas. Entre as instituições participantes está o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP), que conta com a participação do professor Tito Lotufo, coordenador do Laboratório de Biologia Recifal do IO, e possui como linha de pesquisa a estrutura e o funcionamento de ecossistemas marinhos.
O objetivo do programa
Criado em 2013, o PELD Iloc monitora os ambientes marinhos dos quatro arquipélagos situados em território brasileiro: Arquipélago de São Pedro e São Paulo, Atol das Rocas, Arquipélago de Fernando de Noronha e Arquipélago de Trindade e Martin Vaz, criando soluções para problemas socioambientais ao redor dessas regiões.
Em entrevista para a Agência Universitária de Notícias, o professor Tito explica sobre o objetivo dos monitoramentos realizados pelo programa: “o acompanhamento serve para verificar a dinâmica temporal associada daquele ambiente, como funciona aquele sistema do ponto de vista das variações interanuais ou interdecadais [entre décadas]”.
Esse monitoramento e o levantamento de dados são relevantes não apenas para a criação de uma estrutura de preservação desses ambientes, como também para melhor compreender como as diversas formas de variação, naturais ou antrópicas afetam um ambiente tão isolado e endêmico, do ponto de vista do surgimento das espécies, como o das ilhas oceânicas, e partir disso ter dados suficientes para uma comparação das evoluções do ecossistema.
Como é realizado
O monitoramento é feito por uma equipe formada por três ou mais pesquisadores, com focos específicos de pesquisa dentro do ecossistema, que tiram fotos quadradas de 1 metro por 1 metro, em locais já pré-estabelecidos por protocolos de pesquisa.
Os resultados são fotos anuais do mesmo eixo de acompanhamento, que serão analisados e farão parte do programa comparativo. Portanto, o PELD tem a função de supervisão a longo prazo do ambiente.
Também é feito um censo dos peixes da região, que conta com a presença de um mergulhador. Esse pesquisador-mergulhador, além de tirar fotos para registro, também leva consigo uma prancheta para anotação de dados que acredite ser de importância para a análise comparativa. Todos esses dados coletados por fotos ou transcrição de pesquisadores, são levados para uma planilha geral, na qual, a partir dela, serão feitas as comparações de variações.
Por que acompanhar e preservar as ilhas oceânicas
O professor Tito ainda conta sobre a intrincada importância das ilhas oceânicas, tanto econômica quanto ecologicamente. “Do ponto de vista ecológico, as ilhas oceânicas garantem a preservação da diversidade biológica exclusiva de certas comunidades bentônicas [que vivem no fundo do mar], caracterizadas pelo seu papel endêmico exclusivo. Elas se tornam importantes pelo seu aspecto biológico singular, por sua alta diversidade de espécies. Porque não sofrem interferência dos efeitos antrópicos.”
As ilhas oceânicas também possuem importante papel do ponto de vista econômico, pois fazem parte da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) do Brasil, que determina áreas exclusivas para além dos territórios federais estabelecidos, com prioridade de utilização dos recursos naturais, mas sem perder a responsabilidade da gestão e preservação ambiental.
Para além da preservação de espécies exclusivas daquelas regiões e de todo um ecossistema que se cria em uma área isolada, as ZEEs, mais especificamente as ilhas oceânicas brasileiras, são fonte de renda e habitat natural de muitas comunidades que vivem nessas regiões.