A manutenção de um oceano saudável e produtivo depende de economia sustentável

Para o professor Alexander Turra, a economia sustentável dos mares passa pelo crescimento socioeconômico aliado à saúde do ecossistema marinho

Muitos recursos importantes para o desenvolvimento da sociedade são retirados do mar. O petróleo, o gás natural, diversos minerais e até mesmo alimentos que fazem parte do cotidiano da vida humana, mesmo que de forma indireta.

Além da importância da preservação ambiental para o equilíbrio do planeta, a conservação do espaço marítimo é um tópico imprescindível para a sociedade. Existe uma relação de dependência da civilização com as riquezas das regiões oceânicas e somente o uso sustentável dos mares pode assegurar essa relação.

O professor Alexander Turra, do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, explica que a economia azul é o nome que se dá, de forma genérica, a uma economia realizada no oceano: “O nome mais correto é economia sustentável do mar ou do oceano. Com isso, estamos falando de elementos muito importantes, como a sustentabilidade e uma abordagem mais convergente com princípios de conservação e de compartilhamento desses benefícios que são extraídos do oceano”.

O uso sustentável dos mares é fundamental. “Esse entendimento da sustentabilidade vai fazer com que consigamos ter um oceano saudável e produtivo para sempre, essa é a ideia. Além disso, ele vai trazer também a possibilidade desse uso beneficiar a humanidade de uma forma bastante abrangente. Para isso, precisamos prever uma forma de dar continuidade a essas atividades humanas”, expõe Turra.

Planejamento

Para que esse uso aconteça são necessárias políticas públicas e instituições que regulem e incentivem essa atividade e que formem pessoas para trabalhar nas diversas possibilidades de atuação no ambiente marinho. O professor ressalta: “É fundamental que estudemos o ambiente para entender de que forma ele está sendo impactado por essas atividades e, com isso, criemos indicadores que vão nos ajudar a saber se estamos fazendo a coisa certa”.

A economia azul depende de uma visão consistente baseada em um planejamento sólido. A relação atual com o ambiente marinho envolve a exploração intensa de recursos vivos e não vivos, como o petróleo, os peixes e diversos minérios que ficam nas profundezas do mar. Turra indica: “A sociedade deve caminhar para uma economia nova, que integre tecnologia, serviços, conectividade e faça com que consigamos dar outros usos para o oceano, que sejam integrados e que não entrem em conflito com os métodos tradicionais já existentes”.

O professor realça ser essencial pensar em como trabalhar economias locais na economia sustentável do oceano. “Como trabalhar o fortalecimento das comunidades, especialmente as comunidades tradicionais indígenas aqui no Brasil, as comunidades quilombolas também. Nós temos oportunidades tremendas de gerar renda e distribuir essa renda efetivamente”, destaca.

Desenvolvimento sustentável

Uma abordagem madura da economia azul prioriza a ciência e o uso da tecnologia. “Ela coloca na universidade um papel fundamental; não só na universidade, como também nos novos arranjos que vêm emergindo do diálogo entre a universidade e a iniciativa privada. Isso pode ser visto na criação de empresas startups, que abordam as questões de uma forma diferenciada e tendem a crescer de uma forma muito intensa nos primeiros anos de atuação”, analisa Turra.

O professor descreve o ambiente como promissor e enxerga uma oportunidade interessante para o País: “Para isso, precisamos de políticas públicas, de investidores e de arranjos de investimento apropriados para esse tipo de desafio. Precisamos de universidades maduras, antenadas, direcionadas e empreendedoras”.

Turra fala ainda sobre os propósitos da relação de sustentabilidade com os mares: “O grande objetivo é produzir uma realidade diferente, em que protejamos o ambiente de forma efetiva para que ele continue saudável e produtivo para nós. Com isso, vamos fazer com que o oceano cumpra um papel importante no desenvolvimento sustentável do planeta, transbordando benefícios para a sociedade, ajudando a combater a pobreza, a fome, regulando o clima, dentre outros”.

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