Descubra como é a vida nos pontos mais profundos dos oceanos

Fonte: Vida de Bicho l Globo.com

A Fossa das Marianas, localizada no Oceano Pacífico Ocidental, é o lugar mais fundo do oceano. Especialistas explicam como vivem os seres dessa região!

Cerca de 80% do oceano ainda não foi explorado e 91% dos seres ainda não foram identificados (Foto: Pexels/ Kevin C. Charpentier/ CreativeCommons)

Cerca de 80% do oceano ainda não foi explorado e 91% dos seres não foram identificados (Foto: Pexels/ Kevin C. Charpentier/ CreativeCommons)

Nós, humanos, estamos acostumados a achar que já vimos de tudo e que conhecemos várias partes do mundo, mas tem um lugar que guarda diversos mistérios e coisas jamais observadas: as profundezas do mar. De acordo com a Convenção sobre Diversidade Biológica, 80% do oceano não foi explorado e 91% das espécies marinhas ainda não foram identificadas.

Agora, pense nos pontos mais profundos, nos quais o alimento é escasso, onde a luz não chega e a condição de vida é extrema. Essa é a realidade da Fossa das Marianas, localizada no Oceano Pacífico Ocidental, o ponto mais profundo do oceano, que chega a quase 11 mil metros.

“A pressão desse lugar é tão grande que estar lá seria como sustentar o peso de um carro popular em cima da unha do dedão da sua mão. Lá foi registrada a maior profundidade habitada por um peixe, cerca de 8.100 metros”, diz Paulo Yukio Gomes Sumida, professor titular e diretor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo.

Mesmo em meio a toda essa diversidade, existem seres que habitam esse espaço, como os pepinos-do-mar e crustáceos, considerados invertebrados. Os mais simples, por exemplo, as bactérias, diatomáceas, foraminíferos e radiolários, também estão presentes. Nas partes mais rasas, entre 5 mil metros, é possível encontrar criaturas como o peixe-diabo negro. Aquele com dentes grandes, rosto assustador e uma suposta lanterna em cima da cabeça que aparece em filmes como Procurando Nemo.

O peixe-diabo negro pode ser encontrado nas partes mais rasas da Fossa das Marianas, entre 5 mil metros (Foto: Monterey Bay Aquarium Research Institute/ Reprodução )

O peixe-diabo negro pode ser encontrado nas partes mais rasas da Fossa das Marianas, entre 5 mil metros (Foto: Monterey Bay Aquarium Research Institute/ Reprodução)

Alguns bichos que se adaptaram a essas condições extremas são, muitas vezes, considerados bizarros, pois eles têm características fora do padrão. As suas populações são tão baixas e isoladas que eles acabam criando estratégias reprodutivas drásticas.

“A fêmea do peixe pescador, gênero Melanocetus, é muito maior do que o macho e quando, ocasionalmente, eles se encontram, o macho penetra quase que inteiro no poro genital feminino e passa a viver dentro da fêmea até a sua morte, sobrevivendo como um parasita e fecundado seus ovos no processo”, conta Guilherme José da Cota Silva, pesquisador e ictiólogo do programa de Pós Graduação em Saúde Única da UNISA.

Quando o assunto é alimentação, é comum pensar no sol como principal fonte de energia, mas então do que a maioria dessas criaturas, que vivem em pleno escuro, se alimentam? Guilherme José explica que elas comem, de forma direta ou indireta, bactérias, cuja energia é retirada de fontes hidrotermais profundas, água superaquecida vinda das entranhas do planeta e que carregam consigo minerais importantes.

Mas é importante lembrar que por mais que existam várias incógnitas acerca desse tema e um imaginário de organismos fantásticos e gigantes nesses locais, as profundezas do oceano abrigam uma baixíssima diversidade de espécies, que é representada em sua vasta maioria por seres simples como bactérias e protozoários, alerta Gabriel de Souza da Costa e Silva, do Instituto de Biociências da UNESP Botucatu.

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