IOUSP no Dia Mundial da Pesca 2021
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- Publicado: Domingo, 21 Novembro 2021
Autor: Gasalla, M.A
O Dia Mundial da Pesca, comemorado todos os anos em 21 de novembro, oferece uma oportunidade de reconhecer a vasta contribuição dessa atividade nos sistemas e cadeias de valor de alimentos aquáticos, especialmente a das comunidades de pescadores de pequena escala, entre outros dos diversos atores envolvidos. Essas variadas contribuições socioeconômicas, de governança nutricional e ambientais estão diretamente relacionadas a diversos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para 2030, incluindo o ODS 14 específico para a Vida na Água. Isto porque a pesca, seja costeira, oceânica, ou em águas interiores, é uma parte essencial dos sistemas alimentares globais. A vasta gama de alimentos aquáticos colhidos pela pesca extrativa, incluindo algas marinhas, moluscos, pepinos do mar ou diversos peixes e crustáceos, é vital para atender às necessidades de bilhões de pessoas em termos de alimentação, nutrição, meios de subsistência, saúde e bem-estar geral.
Alimentos aquáticos - animais e plantas cultivados ou colhidos da água para alimentação ou ração - fornecem alimentos ricos em micronutrientes para 3,3 bilhões de pessoas e garantem o sustento de mais de 120 milhões. Eles estão entre as commodities mais negociadas do mundo, e por isso requerem ações efetivas visando a sustentabilidade dos estoques, operações no mar, equidade social, e do próprio mercado e consumo. O valor global de exportação de pescado sozinho em 2018 foi de US $ 164 bilhões. Cerca de metade da captura global total vem da pesca de pequena escala. Atores de pequena escala representam cerca de 90 por cento das pessoas que trabalham no setor pesqueiro, e cerca de metade deles são mulheres. Seus esforços são geralmente informais e muitas vezes passam despercebidos.
É por isso que os cientistas do LabPesq/IOUSP (www.labpesq.io.usp.br) estão envolvidos em projetos e consórcios de pesquisa e extensão para avaliar as contribuições, impactos, e desafios da pesca e de suas comunidades, em diversas localidades do Brasil, e do mundo. E nos empenhamos na formação de recursos humanos capacitados para atuar em diferentes avaliações integradas de sustentabilidade, com as diversas ferramentas e arcabouços teóricos necessários.
As comunidades pesqueiras de pequena pesca também são as mais afetadas pelo aquecimento do planeta. Um dos nossos mais recentes estudos aponta que experimentaremos os maiores riscos climáticos cumulativos no século 21 se não reduzirmos rápida e substancialmente as emissões de carbono. Temos estudado questões climáticas associadas à pesca desde 2008, o que faz com que este assunto não nos seja nada novo ou oportunístico, mas um tema central do nosso aprofundamento há mais de uma década.
No início deste mês, acompanhamos vários eventos paralelos na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26). Defendendo uma visão compartilhada de prosperidade e sustentabilidade azul, ajudamos a articular algumas ações urgentes no oceano: para as pessoas, para a natureza, e para a economia.
Por ocasião do Dia Mundial da Pesca, encorajo vocês a revisitarem nossos artigos, relatórios globais, e projetos, convidando a nos ajudarem na busca de soluções e inovações para melhorar a produtividade, resiliência e sustentabilidade da pesca, suas comunidades e ecossistemas naturais que tanto prezamos.
"Mary Gasalla e equipe do LabPesq"
https://www.science.org/doi/10.1126/science.abm1680
http://labpesq.io.usp.br/index.php/dialogos/noticias/231-desigualdade-e-vulnerabilidade-social
http://labpesq.io.usp.br/index.php/dialogos/noticias/218-geopolitica-da-pesca-e-soberania-alimentar