Ilhas oceânicas são peças de um enorme quebra-cabeça biológico
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- Publicado: Terça, 24 Setembro 2019
Fonte: AUN - AGÊNCIA UNIVERSITÁRIA DE NOTÍCIAS
O Estado do Espírito Santo possui um arquipélago distante cerca de 1.200 quilômetros da capital Vitória. Trata-se do Arquipélago de Trindade e Martim Vaz. A fim de consolidar a importância dos estudos de ilhas oceânicas que formam um importante quebra-cabeça marinho mundial, a pesquisadora Carolina Medeiros, do Instituto de Oceanografia (IO) da USP, analisou dados da Ilha de Trindade. Sendo uma ilha isolada geograficamente, ela não recebe muita interferência das ações humanas do continente.
“O objetivo inicial era fazer uma caracterização do que havia de comunidade bentônica da ilha, ou seja, os organismos que vivem associados ao substrato que é o fundo do mar. Fazendo ainda uma análise temporal da mesma, vendo se havia algo que estava mudando e o que tinha em um ano e no outro”, explica a oceanógrafa.
A análise anual era feita pois as expedições do programa que ela integrava, o de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (Peld) de Ilhas Oceânicas (Iloc), eram realizadas anualmente.
Dados observou dinâmica de seres marinhos
As análises temporais foram baseadas em dados de 2013 a 2017, com exceção do ano de 2014, que não teve expedição. Além disso, Carolina afirma que, desde o princípio, ela já queria fazer uma comparação espacial. “Queria saber como estava essa comunidade, qual a dinâmica dela durante os anos, comparando espacialmente os sítios.”
Um dos focos da pesquisa foram nos organismos que estão em cima do substrato rochoso oceânico, chamados de epibentos. Medeiros explica que, como ela só trabalhou com foto, não era possível ver organismos que viviam entre as rochas ou dentro delas.
A análise temporal apresentou uma diferença significativa entre um período e outro, em que houve uma oscilação entre a dominância de certas espécies na comparação entre os anos.
Um outro ponto analisado foi se havia diferença na profundidade, que não teve mudanças significativas. “Isso provavelmente aconteceu porque lá é uma ilha oceânica. Diferente da costa e ilhas costeiras, que tem influência de rios e antrópica e uma água com pouca visibilidade. As áreas oceânicas, como a Ilha de Trindade, têm uma água muito mais transparente”, aponta a pesquisadora.