Arquipélago dos Alcatrazes guarda muitas descobertas para a ciência
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- Publicado: Sexta, 20 Setembro 2019
Fonte: AUN - AGÊNCIA UNIVERSITÁRIA DE NOTÍCIAS
Na plataforma continental do Estado de São Paulo, a 45 quilômetros de São Sebastião, há um conjunto de ilhas que formam o Arquipélago dos Alcatrazes. Transformado em Refúgio de Vida Silvestre em 2 de agosto de 2016 pelo então presidente interino, Michel Temer, essa unidade de conservação (UC) é a única de proteção integral do litoral norte paulista, junto com a Estação Ecológica (Esec) Tupinambás, também pertencente ao arquipélago.
Juntas, essas UCs somam cerca de 1.300 espécies descritas de flora e fauna e Alcatrazes as preserva de forma surpreendente. “Isso é interessante pois é uma área localizada próximo a regiões fortemente urbanizadas nas áreas mais ricas e industrializadas do país. Possui, ainda, um contingente importante de pesquisas de universidades públicas”, conta Tito Lotufo, professor do Instituto Oceanográfico (IO) da USP, que realiza pesquisas no local.
Parte dos trabalhos realizados apontam descobertas. “Temos algumas coletas e já detectamos espécies novas de organismos crípticos [de difícil percepção] que não tinham sido descritos, mas que estão em processo de descrição”, revela Lotufo.
Pesquisas analisaram seres que vivem escondidos
A equipe comandada pelo professor do IO possui projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Os trabalhos incluem levantamento da biota críptica, ou seja, dos animais que vivem escondidos entre as pedras e/ou no interior de outros organismos.
Para isso, foram instalados ARMS (Autonomous Reef Monitoring Strutures) ー estruturas de monitoramento utilizadas em vários ambientes recifais marinhos espalhados pelo planeta. As ARMS são decorrentes de um grande projeto administrado pela Smithsonian Institute, associado ao Museu Nacional de História Natural dos EUA.
“Elas ficam submersas mais ou menos um ano e ao final desse ciclo as recuperamos e processamos o material que vem nessas amostras”, explica Tito. “Esse processamento é feito em várias etapas, envolvendo fotografia, coleta de espécimes (amostras de material ou ser vivo) e a ideia é trabalhar as estruturas numa abordagem de metagenômica (material genético obtido por meio de amostras ambientais).”
O que foi detectado
Usando ferramentas convencionais em idas a campo como mergulhos e coletas de seres vivos, já foram detectadas algumas espécies que os pesquisadores supõem serem novas. Por ora, eles não podem afirmar o status das mesmas, pois precisam concluir as pesquisas. Apesar de que até agora não encontraram correspondência com nenhuma espécie que tenha descrição, sinal de ineditismo.
“O que detectamos até agora está relacionado à classe das ascídias, grupo de invertebrados mais próximo dos humanos. Elas são muito interessantes, mas enfrentam muitas lacunas nos estudos globais de sua própria biodiversidade, por isso a importância de nosso estudo com sequenciamento de DNA a taxonomia [classificação]”, declara Lotufo.