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Dinâmica marítima é decisiva no transporte de sedimentos da Ilha Comprida

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Publicado: Quarta, 19 Novembro 2014

Originalmente publicado em: Agência Universitária de Notícias. Ano 47. Nº84. 17/11/2014.

Estudo do Instituto Oceanográfico da USP traz conclusões importantes que refletem estado atual da Ilha e seu processo de evolução

A análise das variações espaço-temporais da dinâmica morfossedimentar – transporte de sedimentos que alteram a morfologia local – do sistema praial da Ilha Comprida, localizada no estado de São Paulo, revela que ao longo de uma faixa de costa exposta a um mesmo padrão de ondas, a variabilidade passa a ser um reflexo de alterações hidrodinâmicas locais. A força de onda é mais forte em áreas onde há geoindicação de erosão ativa, ligadas a padrões de divergência residual, e mais fraca em regiões sem indício erosão, regidas pela convergência residual. No entanto, outros fatores também podem afetar a dinâmica das praias em uma escala maior, ou menor.

É isso o que mostra a tese de mestrado do aluno do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IOUSP), Filipe Galiforni Silva. “O trabalho tenta entender um pouco mais das variações quantitativas presentes ao longo da Ilha, numa escala de tempo sazonal. Neste caso, chegamos a conclusão que as áreas das extremidades mostram-se menos estáveis que as porções mais centrais da ilha. Em relação aos sedimentos, estes apresentam uma tendência de diminuição do tamanho de grão em direção a ponta norte da Ilha, bem como um aumento do seu grau de selecionamento, o que sugere um transporte resultante de sedimentos direcionado para nordeste”, completa o mestre.

Para o estudo, foram recolhidas amostras de três em três meses, durante um ano, de diferentes sedimentos, e, com a mesma periodicidade, também houve monitoração das características topográficas e sedimentares da região através de levantamentos tridimensionais. O método empregado para a observação da escala sazonal consistiu na utilização de dados de campo junto à modelagem numérica, e para a escala interanual foram utilizados dados de modelagem para processos costeiros e dados de modelagem global operacional.

Na tese, Silva ainda aponta a problemática ambiental do uso das praias de modo indevido. Um dos pesquisadores citados no estudo, Nordstrom, afirma que ações antrópicas podem gerar desajustes em diferentes escalas, que variam desde impactos biológicos significativos até variações de tendências de acúmulo e perda de sedimentos. No caso da Ilha Comprida, as ações humanas ainda não influenciam diretamente sua morfodinâmica característica, porém, devido ao processo erosivo mais intenso na porção norte, as moradias da região acabam sofrendo com os processos naturais, que geram prejuízos como os deslizamentos.

“A Ilha Comprida apresenta ocupação recente que tem crescido nos último 20 anos no centro urbano do setor norte e, mais recentemente, em direção ao centro sul. O crescimento urbano é uma demanda necessária, mas precisa ser realizado de forma compatível com a manutenção dos recursos costeiros e com a capacidade de suporte do ambiente. Uma medida importante que a população pode tomar é evitar ocupar áreas nas proximidades da costa para que não afetem a dinâmica sedimentar da região, e até mesmo para evitar o risco de prejuízos causados por ondas durante a chegada de frentes frias. Além disso, a manutenção de estudos para o profundo conhecimento da região e de sua dinâmica é indispensável para o uso e ocupação da região.”