Veículos submersíveis tripulados

Prof. Dr. Paulo Yukio Gomes Sumida

Após a Segunda Guerra Mundial iniciou-se a fase da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a antiga União Soviética no anos 1950. Isso impulsionou muito o desenvolvimento tecnológico, especialmente as tecnologias submarinas, incluindo a acústica (ferramenta usada para sondar o oceano e encontrar submarinos inimigos) e os veículos submersíveis tripulados e não tripulados.

Ao contrário dos submarinos de Guerra, que podem mergulhar apenas algumas poucas centenas de metros, os mini-submersíveis de pesquisa comportam, em geral, três pessoas e podem descer até 7000 metros de profundidade, que é o caso do submersível chinês Jiaolong. Os mergulhos duram, em média, cerca de 9 horas e pode-se levar cerca de 2 horas e meia para atingir o fundo a cerca de 4500 m de profundidade. A subida dura o mesmo tempo.

O mais famoso dos submersíveis, Alvin, atualmente pode descer 6500 m e fez algumas das mais extraordinárias descobertas da Oceanografia, como as fontes hidrotermais, que abrigam uma vida diferente de tudo o que se conhecia até sua descoberta em 1977.

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Submersível de pesquisa tripulado Shinkai 6500 sendo içado pelo N.Oc. Yokosuka (JAMSTEC) em missão no Atlântico Sudoeste. Foto: Paulo Sumida – IOUSP – Iatá-Piúna Research Consortium.

Os russos possuem os submersíveis Mir (I e II, 6000 m), que apareceram no famoso filme Titanic, do diretor James Cameron. Aliás, Cameron é um apaixonado pelo mar e as profundezas, ao ponto de construir um submersível e descer pessoalmente ao ponto mais profundo do oceano, a Fossa das Marianas, a quase 11 mil metros em 2012. Contudo, o veículo de Cameron não apresentava a mesma capacidade de pesquisa do Alvin ou do Mir, sendo muito mais limitado em manobrabilidade e capacidade de coleta de amostras.

Outro importante submersível com grande uso atualmente na ciência é o Shinkai 6500 da Agência Japonesa para o Estudo das Ciências do Mar e da Terra e Technologia (JAMSTEC, na sigla em inglês). Em 2013, em parceria com o IOUSP, o Shinkai 6500 fez uma série de mergulhos ao largo da margem continental sudeste-sul do Brasil atingindo a marca de mais de 4200 metros. Esse foi o mergulho tripulado mais profundo até hoje no Atlântico Sul e grandes descobertas foram feitas. Esses veículos acima mencionados e mais o francês Nautile (6500 m) são os principais submersíveis em atividade no presente com capacidade de explorar o mar profundo.

Com o avanço da tecnologia, veículos submersíveis não tripulados começaram a ser construídos e a substituir os submersíveis tripulados, mas isso é uma história para outro capítulo dessa série.


Vídeo produzido pela equipe de Pesquisa FAPESP, mostra imagens fascinantes da estranha fauna que habita o mar profundo. Uma equipe de brasileiros e japoneses, viajando em um submarino, mapeou e coletou, a uma profundidade de 4 mil metros, amostras do ambiente físico e de organismos marinhos no litoral sudeste do Brasil.

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