Carcaças de baleias no mar profundo foram estudadas com apoio da Cooperação IOUSP-JAMSTEC

sumida whale bone
Restos do esqueleto de uma baleia Minke antártica, Balaenoptera bonaerensis, a 4200 m de profundidade na base da Dorsal de São Paulo. Organismos especializados em degradar os ossos têm história evolutiva que data da época em que as primeiras baleias começaram a fazer jornadas oceânicas há cerca de 30 milhões de anos e talvez até anterior, quando os mares eram singrados por grandes dinossauros.

O IOUSP mantém uma cooperação científica com a Agência Japonesa para o Estudo das Ciências do Mar e da Terra e Tecnologia (JAMSTEC na sigla em inglês) desde 2013. Um dos desdobramentos desta parceria foi a vinda do submersível tripulado Shinkai 6500 em 2013, quando foram realizados estudos na Elevação do Rio Grande e Platô de São Paulo em profundidades de até 4200 metros. Esta semana, um dos principais resultados desta expedição foi publicado na revista Scientific Reports do Grupo Nature.

O trabalho, encabeçado pelo professor do IOUSP Paulo Sumida em co-autoria com alunos de pós-graduação do IOUSP e pesquisadores da JAMSTEC, UNIVALI, UFF e Nihon University, mostra a fauna colonizando uma carcaça de baleia encontrada a 4204 m de profundidade. A fauna de carcaças é especial e se assemelha àquela de fontes hidrotermais e exsudações frias de mar profundo, sendo esta apenas a oitava carcaça de baleia encontrada em estado natural em áreas profundas e a primeira do Oceano Atlântico. Nesta carcaça, quase que a totalidade das 41 espécies encontradas é nova para a ciência, muitas dela com uma relação de parentesco íntimo com espécies antes descritas apenas para o Oceano Pacífico.

Estes dados são muito importantes para a biogeografia das espécies que colonizam carcaças. Ao contrário de espécies que se formam devido ao isolamento através de barreiras geográficas (i.e., especiação por vicariância), os autores do estudo sugerem que os eventos de dispersão são mais importantes no caso dessas ilhas orgânicas de mar profundo, as quais precisam pular de carcaça em carcaça ao longo do imenso oceano.

Acesse aqui a publicação: Sumida, P. Y. G. et al. Deep-sea whale fall fauna from the Atlantic resembles that of the Pacific Ocean. Sci. Rep. 6, 22139; doi: 10.1038/srep22139 (2016). 

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