Impacto do lixo marinho no Arquipélago de Alcatrazes

Pesquisadores do IOUSP participam da série "Como Será?" (Sandra Annenberg - Rede Globo), mostrando parte dos projetos de pesquisa desenvolvidos pelo Instituto Oceanográfico da USP no Arquipélago de Alcatrazes (SP).

Por: Elisa Van Sluys Menck e Andrea Lima de Oliveira

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Não é recente a preocupação com os diversos poluentes químicos liberados no meio marinho por atividades antrópicas, e, felizmente, estudos a respeito de suas distribuições e impactos são bastante comuns. Atualmente, fato ainda curioso para muitos, o lixo marinho está sendo adicionado à essa lista de contaminantes e está, cada vez mais, sendo alvo de estudos.

Como resultado do descarte inapropriado pela população ou embarcações, esses materiais antropogênicos acabam por atingir as regiões costeiras, os mares e oceanos. Indiscutivelmente, seu impacto vai além do estético e visual, podendo afetar o desenvolvimento de organismos ao ficar enroscado em seus membros e também ser confundido com alimentos, causando asfixia ou sensação de saciedade e consequente inanição. Apesar da lenta degradação, a maior parte dos resíduos sólidos, quando expostos ao meio, sofrem alterações físicas levando à fragmentação do material o que facilita seu consumo por outros animais. Os materiais flutuantes ainda podem servir como meio de transporte para espécies invasoras.

Neste cenário, a distribuição e impactos desses poluentes no ecossistema marinho vêm sendo estudados e programas para seu monitoramento estão sendo criados para os diversos componentes marinhos: praias, superfície e fundo do mar. Com esta crescente preocupação, um grupo do Laboratório de Manejo, Ecologia e Conservação Marinha do IO-USP desenvolve diferentes projetos relacionados ao lixo marinho. Dentre eles, está sendo realizado o diagnóstico do lixo marinho submerso no Arquipélago dos Alcatrazes, em que parte da Estação Ecológica (ESEC) de Tupinambás está inserida.

Distante 34 Km da costa de São Sebastião, essa Unidade de Conservação (UC) de proteção integral também sofre com o impacto do lixo marinho. Apesar de afastada da costa os resíduos descartados de forma indadequada podem chegar a suas águas, além disso com a expansão do porto de São Sebastião a tendência é de que haja um aumento no número de navios circulando nas proximidades da ESEC o que deve aumentar a quantidade de lixo lançada/perdida na zona costeira.

Com relação ao uso da área, está em discussão a criação de uma UC adjacente às delimitações da ESEC em que será permitida a visitação regularizada ao Arquipélago. Dessa forma, através do diagnóstico, pretende-se criar uma proposta de monitoramento de lixo submerso no arquipélago anteriormente à possível liberação para visitação e, com a comparação entre pontos dentro e fora da ESEC analisar como a existência de tal UC de proteção integral beneficia a área em que é delimitada e seus arredores, podendo servir de ferramenta para gestões futuras tanto da ESEC quanto da UC a ser criada.

 

Assista o episódio completo do programa "Como Será?", com participação das pesquisadoras do IOUSP.

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