O Navio Oceanográfico Professor Besnard

Histórico

Em Agosto de 1967 chegava ao Brasil o primeiro navio oceanográfico da Universidade de São Paulo, fruto de um intenso trabalho e pesquisa da comissão responsável pelo projeto. A comissão era presidida pelo Almirante Yapery Tupiassu de Brito Guerra, Coordenador do Curso de Engenharia Naval da USP, e foi o Prof. Wladimir Besnard, primeiro Diretor do Instituto Oceanográfico da USP quem, no fim do ano de 1958, intensificou as negociações e os estudos com vistas à construção de um navio oceanográfico. Para tanto, foi indicado um grupo de trabalho presidido pelo professor islandês Ingvar Emílsson, à época chefe da seção de Oceanografia Física. Esse grupo foi composto por funcionários administrativos, técnicos e pesquisadores, dentre os quais a Dra. Martha Vanucci, que mais tarde seria a primeira mulher a dirigir o IOUSP, no período de 1964 a 1969.

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As primeiras verbas destinadas à construção do navio foram de origem Federal e Estadual, utilizadas no projeto do navio elaborado pelo Escritório Técnico de Construção Naval da Escola Politécnica da USP, sob a supervisão do Almirante Yapery, e também em atividades de consultoria e contatos com estaleiros nacionais e do exterior. O processo avançou rapidamente e foram necessárias mais verbas para que o navio se tornasse uma realidade, o que foi possível graças ao Plano de Ação do Governo do Estado de São Paulo, à concessão de mais verbas Federais e ao apoio da CAPES, CNPq, e da FAO, permitindo a contratação do engenheiro Hans Zimmer e do Prof. Thor Kvinge, ambos noruegueses, para acompanharem a obra e instalação de equipamentos no navio.

Para saber mais detalhes da construção, histórico e verbas essenciais para a aquisição do navio, clique aqui.

Batizado em homenagem ao Professor Besnard, o navio homônimo foi peça fundamental na pesquisa Oceanográfica do Brasil. Realizou dezenas de cruzeiros oceanográficos e projetos no período de 1967 até 2008, totalizando num acúmulo enorme de dados para as ciências do mar no Brasil, e um valor histórico imensurável para a Universidade de São Paulo. Nesse link você pode conferir todos os cruzeiros e projetos realizados pelo navio Cruzeiros Oceanográficos.

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Após o Incêndio em 2008, que afetou a popa e o sistema de leme do navio, o IOUSP viu-se numa situação de carência de recursos, que só vieram a surgir ao final de 2009 e início de 2010 que, ainda assim, não se mostravam suficientes para o reparo e modernização do navio. Também, surgira a possibilidade de substituição do Navio, uma das pautas do então recém empossado reitor João Grandino Rodas. Assim, com a perspectiva de vinda do Alpha Crucis, procurou-se manter o navio, até que fosse encontrada uma destinação nobre para ele, que não fosse transformá-lo em sucata.

 

Atualmente

Quando surgiu a possibilidade do Alpha Crucis e do Alpha Delphini, através de recursos da FAPESP, foi feita uma solicitação à Reitoria de que os 2 milhões (antes destinados para melhorias no N/Oc. Prof. Besnard, na gestão pela então reitora diretora Suely Villela) fossem utilizados na compra de equipamentos do Alpha Delphini e na modernização do Alpha Crucis. Isso porque, ao longo da modernização de um e da construção de outro, foram surgindo novas demandas para que ambos ficassem melhores. Para isso, foi feito um convênio entre a USP e a FAPESP e os recursos foram integralmente utilizados para as duas embarcações.

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O N.Oc. Prof. Besnard, que aguarda destinação final e se encontra no porto de Santos, ainda precisa de manutenção para que não sofra deterioração total, e diariamente há a necessidade de ligar alguns sistemas a bordo, para que se mantenham funcionando, em caso de emergência. Além disso, há pelo menos três tripulantes a bordo, permanentemente. Esse tipo de cuidado é importante porque o ambiente marinho é agressivo, ocorre ferrugem e uma série de outros problemas.

 

Doação para o Uruguai

O Governo Uruguaio foi único a formalizar uma proposta concreta para a destinação do Navio, inclusive através de carta de seu Presidente da República e de quatro ministros. As outras propostas, como afundamento e retirada do Navio da água, com intuito de transformá-lo em museu, demandariam recursos que no momento são escassos para a Universidade de São Paulo. Outro fato interessante, é que um navio com tão grande importância para a pesquisa no Brasil pode também continuar seu trabalho em nome das ciências do mar para universidades que precisem dele.

O pedido uruguaio foi avaliado e aprovado pelos Conselhos Departamentais e pelas Comissões Estatutárias, para então passar por votação pela Congregação (órgão superior do Instituto Oceanográfico). Todas as decisões foram públicas.

Para proceder com a doação, é preciso ainda que o Conselho Universitário da USP a aprove.

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