Instituto Oceanográfico busca aprimorar rações para animais aquáticos

balsa com tanques em redeOriginalmente publicado em: Agência Universitária de Notícias. Ano 49. Edição nº 90. 05/07/2016.

Pesquisadores se dedicam a estudar alimentos que sejam mais efetivos tanto do ponto de vista nutricional quanto econômico

O Laboratório de Aquicultura Marinha (LAM) do Instituto Oceanográfico (IO) da USP se dedica à solução de questões práticas da aquicultura, como desenvolvimento de sistemas de criação e alimentos sustentáveis. Em sua tese de doutorado, o pesquisador Thiago Raggi avaliou a alimentação e a nutrição de peixes e camarões tropicais cultivados, visando a aplicação na aquicultura.

Um dos objetivos era analisar a efetividade de marcadores na ração, que, em teoria, passam pelo sistema digestivo do camarão sem sofrer alterações, e que permitem calcular, através de uma análise da proporção, a quantidade de proteína absorvida. Junto a isso, Raggi estudou métodos de processamento de alimentos (extrusado industrial, processo mais caro, frente a peletizada a frio em laboratório, que é mais barato, mas instável). Os marcadores analisados foram o óxido de cromo e as cinzas insolúveis em ácido. O estudo concluiu que a quantidade de marcadores em rações comerciais é muito baixa. Portanto, a análise final da digestibilidade não apresenta o resultado esperado.

Raggi explica que, no estudo da digestibilidade da ração do camarão, eles também testaram uma metodologia para coleta: “O sistema funcionou muito bem, conseguimos coletar bastante amostras para análise, que é um dos principais objetivos do experimento”. O método consistia na coleta periódica (seis vezes ao dia) das fezes dos camarões de um tanque desenvolvido com esse objetivo.

O pesquisador também se dedicou a propor substitutos para a farinha de peixe em estudos com o beijupirá, um peixe marinho. Esse ingrediente é muito utilizado para engorda de animais como camarões e peixes carnívoros, e é obtido a partir de rejeitos de pesca, como sardinhas que não entraram no padrão comercial. “A farinha de peixe nutricionalmente é excelente, mas ela está cada vez mais cara. Então o grande desafio dos nutricionistas de aquicultura é substituir por subprodutos da agroindústria (animais e vegetais)”, esclarece. O estudo concluiu que é possível substituir parcialmente (até 50%) a farinha de peixe sem que haja prejuízo no desenvolvimento dos animais.

Diferente de muitos outros estudos desenvolvidos no Instituto Oceanográfico, essa e outras pesquisas do Laboratório de Aquicultura Marinha têm aplicação prática na produção de alimentos e são realizadas em parceria com fazendeiros e a indústria. Ele propôs melhores formas de aproveitamento de rações para animais como o peixe beijupirá e os camarões.

Compartilhe